segunda-feira, 11 de maio de 2009

Impossível não falar de crise, mas na Europa somos exemplo.


“A confiança é imprescindível para o sucesso de uma empresa.”
Robert Spaemann, Filósofo Alemão.

Em recentes reuniões na Europa, executivos de consultorias e de empresas de varejo de todo o mundo nos vêm melhores que o restante do BRIC, junto com a China. Grande parte deles sinalizam investimentos no Brasil, mesmo em tempos de crise, crise de confiança generalizada nas instituições financeiras e mercados, onde internamente tudo parece sugerir que o mundo parará e, pior, que devemos ficar parados a espera de algum sinal. Mas um outro filósofo nos diz outra coisa que poderá ajudar-nos. Descartes dizia: “dividir todo o problema que se submeta ao estudo em tantas partes menores quanto seja possível e necessário para resolvê-lo melhor”. Bem, se Filosofia significa “amor ao saber” então vamos por partes, ou por Descartes, para saber melhor. A desconfiança é no sistema financeiro Americano, muito distinto e pouco regulamentado em relação ao Brasileiro, mais robusto e controlado. De outro lado não investimos de maneira forte e consistente no exterior, ao contrário, somos demandantes de investimentos. Ambos nos colocam fora do olho da crise. De outro lado ela nos pegará, com mais ou menor força, a partir de 2009, quando as exportações sofrerem fortemente por conta da falta de crédito internacional e da redução do crescimento mundial, assim como porque a moeda nacional, mais desvalorizada frente ao Dólar e Euro, poderá remeter-nos a um processo inflacionário. Entretanto com a falta de crédito internacional o crédito ao consumidor, que não vai faltar mas deverá ficar mais caro e com prazos menores, levará ao controle da inflação por uma menor demanda por contingenciamento deste crédito e prazos. Ainda assim, com tudo isto, o consumo das famílias ainda puxará a economia, fazendo a maior parte do crescimento do PIB. Há renda, ainda há crescimento deste. Este cenário nos leva a crer que vamos continuar crescendo acima da média internacional. Menos que hoje, mas mais que ontem, da ordem de 2,5% a 3,5%. O varejo Brasileiro cresceu em Janeiro e Fevereiro 2,2%, com tendências visívies de melhora. Termos, é certo, um problema comparativo com o crescimento de 2009 contra 2008, este enorme. Ora, se vamos crescer mais que a maioria dos países, se vamos puxar o crescimento do PIB mais que o crescimento mundial e se este crescimento do PIB será puxado pelo gasto ou consumo das famílias, nós do varejo temos que, mais que frearmos nossos projetos, analisarmos por partes e atentamente os cenários nacionais, de todas as regiões. Vejamos as regiões Norte e Nordeste nas quais o varejo cresceu a taxas Chinesas em 2008. Devemos esperar crescimento menor, especialmente pelo efeito comparação com 2008, mas continuaremos a crescer e manter um consumo forte. Na região Sul, onde o crescimento em 2008 foi pequeno em relação ao Brasil e ao potencial da região (secas seguidas em 2004 e 2005 com melhora lenta a partir de 2006), podemos esperar melhores tempos por conta de safras grandes, mesmo com estiagem séria, produção industrial crescente e crescimento da renda, que é uma das mais altas do país. Situações distintas, mas não de crise como a estamos querendo pintar. E se o crescimento do PIB Brasileiro está assegurado, mesmo em bases menores, o que estamos esperando para nos mantermos investindo, crescendo, com menos concorrência, se este crescimento será realmente puxado pelo varejo? Menos concorrência pois se o crédito no exterior está escasso, também os investimentos estão e, se estão, virão menos concorrentes para cá. Claro, teremos mais concorrentes internos, especialmente aqueles que, voltados para a exportação, se voltam agora para o mercado interno. Bem, não me parece assim tão assustadora a crise interna, embora tenhamos que trabalhar duro para que não se torne maior. E ela se tornará tão menor a media que foquemos no nosso negócio e sigamos em frente, nos medindo, medindo o mercado, entendendo nossos números e investindo onde mais dinheiro nos seja retornado. Gosto muito do tema medição, pois quando nos perguntarem, talvez um canal de TV querendo avaliar a crise, sobre a redução de público em nossas lojas, nós poderemos dizer, confiando nos nossos números, que nas nossas lojas o fluxo de pessoas reduziu um pouco sim, mas nossa taxa de conversão, por conta do forte investimento em pessoal, treinamento, ações de PDV, logística, mix adequado e sortimento pensado regionalmente, acabou por compensar o menor fluxo. Sabe quantos concorrentes seus sabem disto na ponta da língua hoje, antes da crise?

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