quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Varejo, índices econômicos e tendências I - Dados do Passado e o Cenário Futuro


Os dados divulgados em 23 de Fevereiro último, pelo IBGE, mostram o vigoroso desempenho do varejo em 2009, com um crescimento sobre o excelente ano de 2008 na base de 5,9%, apesar da queda em Dezembro em relação a Novembro de 2009. Isto evidencia que o Brasil tem um mercado interno forte, com tendência a manter este ritmo de crescimento em 2010. O consumo das famílias, aqui especialmente em alimentos, artigos médicos e farmacêuticos e equipamentos e material de escritório, foi o responsável pelo crescimento de 2009 sobre 2008. Quando olhamos, entretanto, o varejo ampliado, com material de construção (queda de 5,9% no ano, mas crescimento nos dois últimos meses de 2009) e veículos e motos (partes e peças também) – (alta de 11,1%), o varejo cresceu 6,9% sobre o ano de 2008, que foi um recorde no setor automobilístico (aqui as classes A e B despontam). O crédito, a liberação dos depósitos compulsórios do Banco Central, a redução de impostos e a relativa manutenção do emprego e renda foram fundamentais para este desempenho que, espera-se, em 2010 seja ainda muito melhor. Protegeram-nos, e protegerão, os sólidos alicerces da política econômica e da, de fato, mas não de direito, ainda, relativa independência do Banco Central do Brasil.

Com o crescimento da inflação, o IPCA projeta 0,52% para os próximos quatro meses, o BC do Brasil, para Abril, já recoloca os depósitos compulsórios nos patamares elevadíssimos de antes da crise (um dos fatores de proteção do sistema bancário durante a crise, garante Henrique Meirelles). Este movimento altera rapidamente para cima os juros praticados pelos bancos, especialmente para a pessoa física, e foi utilizado para, imediatamente, criar travas no crescimento econômico, buscando reduzir a inflação preventivamente, enquanto os juros básicos da economia (taxa Selic), que também serão majorados em Abril, só começarão a fazer efeito entre quatro e seis meses depois de elevada. Deveremos, portanto, ter um crescimento do varejo no ano de 2010, mas sem a ajuda do Governo, que se manterá gastando muito (elevando a inflação), aumentando juros (para reduzir a inflação) e voltando a carga tributária para os patamares anteriores, mesmo em ano de eleição. Ocorre que ele, Governo, vai gastar muito, enquanto puder, para buscar a eleição continuada do atual presidente, na figura nada simpática ou carismática da Ministra Dilma, especialmente em programas assistencialistas. Assim, teremos o crescimento da renda e do emprego, conjugado com o crédito crescente (projeção do BC de um crescimento de 15% sobre o ano de 2009), que deverá atingir ao fim de 2010 algo bem perto do patamar de 50% do PIB, nas palavras do Ministro Mântega, mas sem a ajuda do Governo em termos de desoneração de preços e produção e redução de gastos de custeio.